Na segunda-feira, 5 de agosto, o índice Nikkei, principal indicador do mercado acionário japonês, registrou uma queda de 12,4%, a maior desde o grande terremoto, tsunami e acidente nuclear japonês de 2011. A turbulência no mercado acionário acionou um mecanismo de pausa das operações para tentar acalmar os investidores.
Fora do Japão, na Ásia, os dois principais índices da bolsa de valores sul-coreana caíram 8% e 11%. Outras bolsas, como as de Singapura, Taiwan, Hong Kong e Indonésia, também registraram quedas expressivas.
Na Europa, os mercados acionários da Inglaterra, França, Alemanha e Espanha registraram quedas superiores a 2%, assim como os três principais índices dos Estados Unidos: Dow Jones, S&P 500 e, em especial, Nasdaq, que é muito relevante para empresas de tecnologia.
O Brasil registrou uma queda mais modesta, de aproximadamente 0,4%. Contudo, o dólar fechou o dia valendo R$ 5,72.
O motivo dessa volatilidade foi uma sequência de acontecimentos independentes que, ao longo do dia, geraram desconforto e cautela entre os investidores, que buscaram ativos mais seguros para se proteger da turbulência. Vários ditados populares podem explicar essa situação, como “todos os planetas se alinharam” ou “uma tempestade perfeita”. No entanto, o ocorrido não representa uma crise generalizada ou falência de empresas; em alguns casos, tratou-se de uma reacomodação de preços, uma mudança nas políticas monetárias de alguns países, entre outros motivos.
No Japão e na Ásia, o Banco Central Japonês encerrou o ciclo de juros negativos no país e aplicou uma pequena alta, o que naturalmente gerou uma queda nas ações japonesas. Desde a semana passada, o índice Nikkei já havia registrado quedas de 5%, o que explica os 12,4% de hoje. Além disso, a valorização da moeda japonesa, o iene, em relação ao dólar, impactou negativamente as margens de lucro das empresas exportadoras, o que já era esperado pelo mercado, que vem se ajustando às novas políticas monetárias do Banco Central Japonês.
Instabilidades em commodities, como o ferro, devido ao desaquecimento da economia chinesa, e o petróleo, por causa dos conflitos no Oriente Médio, também podem ter potencializado a cautela dos acionistas.
Nos Estados Unidos, na sexta-feira passada, foram apresentados dados fracos de emprego e uma pequena subida no desemprego, o que levou o mercado a especular sobre uma possível recessão antes dos cortes na taxa de juros americanas. Esse cenário poderia antecipar uma reunião do Banco Central Americano para acalmar as instabilidades econômicas. O mercado já precificou essa possível recessão não confirmada.
Outro fator relevante foi a venda de quase 50% das ações da Apple pelo maior investidor do mundo, Warren Buffett, possivelmente uma realocação dos seus investimentos. Isso levantou questionamentos sobre a valorização das empresas de tecnologia, levando a quedas nos preços de várias ações desse setor, mesmo que apresentem lucros consistentes, o que pode resultar em preços mais justos.
Outro ponto curioso que pode ter intensificado os efeitos é que, antes de um final de semana prolongado ou feriado, e na abertura dos mercados, normalmente há uma acomodação mais elevada devido ao período em que as bolsas de valores ficam fechadas. Dependendo dos acontecimentos durante esse fechamento, há uma preparação ou movimentação acumulada.
Por isso, é importante entender a macro e microeconomia para discernir se tais acontecimentos estão inter-relacionados ou são independentes. No entanto, o mercado acionário reage a todos esses fatores, e os índices refletem essa soma de eventos, possivelmente gerando uma cautela desnecessária, resultando em um efeito manada pontual que rapidamente é explicado e normalizado, acalmando os ânimos.
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