Nesta semana, vários líderes de Estado se reuniram na Rússia. O grupo conhecido como BRICS anunciou sua expansão, convidando mais 13 países, com o objetivo de promover um contraponto ao “Ocidente” e liderar nações emergentes que buscam um mundo multipolar. Entretanto, desde a formação do BRICS, há mais de 10 anos, o cenário global mudou. A pergunta que se coloca é: o BRICS ainda faz sentido na atualidade?
HISTÓRIA DOS BRICS
O BRICS é um grupo de países emergentes, cujo nome é um acrônimo formado pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Esses membros fundadores foram, na década de 2010, as economias que mais cresceram globalmente e foram projetadas como futuras líderes do crescimento econômico mundial, além de se consolidarem como potências em suas respectivas regiões.
Outros países foram convidados a integrar o grupo, como Argentina, Etiópia, Egito, Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos. Contudo, Argentina e Arábia Saudita ainda não confirmaram sua adesão.
Nesta semana, o BRICS convidou mais 13 nações a se juntarem ao bloco: Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Indonésia, Malásia, Turquia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda. Embora a Venezuela tenha sido cogitada como possível integrante, seu ingresso foi vetado pelo Brasil.
O FUTURO DO BRICS
O BRICS planeja implementar um sistema de pagamentos próprio, sem a necessidade de utilizar o dólar, além de promover desenvolvimento econômico e investimentos entre seus membros. O grupo busca consolidar-se como uma alternativa às economias desenvolvidas, incluindo mais países do “Sul Global” em sua estratégia.
O bloco também visa facilitar o comércio internacional entre seus integrantes e atrair investimentos. Ademais, deseja reduzir a dependência de seus membros em relação à economia e à tecnologia dos Estados Unidos e seus aliados. No entanto, manter a coesão do grupo será um desafio, pois seus membros apresentam interesses divergentes.
PROBLEMAS DO BRICS
Desde sua criação, os países fundadores enfrentaram desafios significativos. No início da década de 2010, havia grande otimismo em relação ao potencial dessas nações. A Rússia consolidava sua economia com a exportação de gás natural para a Europa, enquanto a China crescia a uma taxa próxima de 10% ao ano e se tornava a fábrica do mundo.
O Brasil experimentava um ciclo favorável, impulsionado por commodities e agronegócio, além de sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A Índia começava a se destacar como mercado consumidor relevante, dada sua localização estratégica entre o Oriente Médio, África e Leste Asiático. Por sua vez, a África do Sul se beneficiava de uma posição geográfica essencial para rotas comerciais entre o Atlântico e o Índico.
Contudo, nos últimos 10 anos, esses países enfrentaram graves crises internas. A Rússia foi alvo de sanções internacionais devido à invasão da Ucrânia. A China enfrenta uma crise imobiliária que afeta outros setores e desacelera sua economia. O Brasil passou por turbulências políticas e econômicas, além de polarização social. Já a África do Sul está em crise, com seu sistema econômico e social próximo do colapso.
Além disso, existem disputas fronteiriças entre Índia, China e Rússia, que geram tensões e conflitos esporádicos entre seus militares. A questão do Mar do Sul da China é outro ponto de atrito, particularmente entre China e Índia. Entre os novos membros, surgem ainda mais conflitos, como a disputa pelo Rio Nilo entre Egito e Etiópia, e rivalidades entre nações do Oriente Médio.
OPINIÃO SOBRE OS BRICS
Como mencionado, o BRICS pretende desenvolver uma alternativa ao dólar. Contudo, criar uma moeda ou sistema de pagamento com credibilidade, confiança e estabilidade é um processo longo e complexo, que exige investimentos substanciais e tempo para se consolidar.
Blocos econômicos que facilitam o comércio internacional, promovem o intercâmbio de bens e serviços e fomentam a economia global são sempre bem-vindos. Esses acordos multilaterais podem baratear produtos, promover a troca de tecnologias e facilitar investimentos. No entanto, o BRICS parece estar se tornando, na prática, um grupo voltado para atender aos interesses de China e Rússia, cujos estilos de governo são pouco atrativos para os países ocidentais.
Um exemplo é a Nova Rota da Seda, projeto chinês que visa investir em infraestrutura em países subdesenvolvidos. Embora esses investimentos possam trazer benefícios econômicos, eles frequentemente resultam em endividamento com a China. Em casos extremos, a dívida pode levar à instalação de bases militares, exploração de recursos naturais, aquisição de terras ou alinhamento político aos interesses chineses, colocando em risco a soberania dos países beneficiados.
Além disso, as divergências entre os membros tornam a coesão do grupo frágil, o que compromete sua funcionalidade e os benefícios econômicos esperados. Assim, o BRICS de hoje já não reflete o entusiasmo que cercava sua criação há uma década. Atualmente, economistas apostam em novas nações que podem se tornar as próximas potências econômicas e lideranças regionais ou até globais.
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